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Por que Aprender é Difícil e por que isso Pode ser Bom? Dificuldades Desejáveis

Atualizado: 18 de out. de 2023



Vivemos numa era de busca frenética pela aprendizagem rápida e sem esforço. No entanto, será que aprender é fácil - ou deveria ser? Quantas famílias reclamam das aulas, da escola e dos professores quando suas crianças enfrentam dificuldades? Quantas vezes já pediram para tornar a aula mais "divertida e dinâmica"? Vamos questionar a ideia de que a aprendizagem deve ser fácil, livre de dificuldades e pautada pelo entretenimento constante. Na verdade, de acordo com os estudos dos pesquisadores que gostavam tanto de psicologia cognitiva a ponto de se casarem, Robert e Elizabeth Bjork, a adição de dificuldades desejáveis pode potencializar nosso processo de aprendizado. Como assim? Por que uma dificuldade seria desejável? Vem repensar comigo neste artigo.


Dificuldades Desejáveis: O Desafio como Aliado da Aprendizagem


Contrariando a crença comum de que a facilidade leva ao aprendizado, os Bjork nos mostram que enfrentar desafios e superar dificuldades é essencial para um processo de aprendizagem eficiente e duradouro. A "dificuldade desejável" refere-se à quantidade ideal de desafio e esforço necessários para resolver uma tarefa. Se uma tarefa for muito fácil, ela não se fixará em nossa memória a longo prazo, comprometendo a efetividade do aprendizado. Portanto, é essencial encontrar o equilíbrio certo entre desafio e habilidade (já ouviram falar da teoria de flow?) para motivar e estimular nosso cérebro a trabalhar mais, aprimorando nossa capacidade de aprendizado.


Na verdade, podemos dizer que alguns obstáculos no meio do caminho servem como pontos de checagem do nosso aprendizado e nos forçam a fazer certas coisas que nós normalmente não faríamos porque vivemos no piloto automático. Os Bjork classificam as dificuldades desejáveis em alguns grupos que pretendo discutir em outros artigos, mas, só por curiosidade:


  • Intercalação

  • Variação

  • Teste

  • Espaçamento

  • Redução de Feedback


Vocês vão notar que essas 5 dificuldades desejáveis tem mais a ver com as condições de aprendizagem do que com a tarefa ou conteúdo em si. Ou seja, um conteúdo ou tarefa de fácil realização provavelmente não trará novos aprendizados relevantes - e será esquecido rapidamente. Quando a tarefa e o conteúdo são difíceis - e isso varia de pessoa para pessoa - , eles naturalmente exigem mais esforço e comprometimento. Isso pode nos fazer querer desistir e voltar ao piloto automático. Um exemplo é a minha segunda semana do Desafio Ciência da Aprendizagem.



Confesso que fui bem mal nessa segunda semana. Optei pelo caminho fácil e voltei a operar no modo piloto automático. Muitas coisas contribuíram para isso e vou explicar tudo amanhã no vídeo relatório do meu canal no YouTube, Aprendendo com André Hedlund. Mas o que deu errado, André? Não consegui evitar velhos hábitos e vícios.


Vamos pensar na sala de aula agora. Muitas crianças e adolescentes acreditam que o esforço e o comprometimento são desnecessários. Aliás, é comum muita gente exigir uma aula/entretenimento hoje em dia. Tudo precisa ser transformado em algo divertido e fácil de fazer. E ai de quem falar que as coisas não são assim. É como se estivéssemos falando que os alunos são burros. Mas isso não poderia estar mais longe da verdade na maioria dos casos. O que nós professores queremos é que os nossos alunos se dediquem e que entendam que algumas coisas serão mais difíceis que outras e mesmo assim eles precisam aprendê-las. Mas a era da dopamina rápida nos deixou viciados nos vídeos curtos, nas facilidades, nas notificações das redes sociais e na informação a um clique de distância. Precisamos quebrar esse hábito e minimizar nosso vício.


Desaprender: A Complexidade de Romper com Hábitos e Vícios


Desaprender certos hábitos e vícios não é fácil. Aliás, é muito mais fácil para o cérebro simplesmente operar conforme esses hábitos e vícios do que fazer algo diferente. Isso ocorre porque esses comportamentos estão profundamente enraizados em nosso cérebro, formando conexões sinápticas que sustentam esses padrões comportamentais. O conceito de potenciação de longa duração pode explicar o porquê. Ele refere-se ao fortalecimento progressivo das sinapses em resposta à atividade neuronal repetida e intensa. Essa potenciação sináptica é o que sustenta nossos hábitos, tornando-os difíceis de serem quebrados.


Vamos pensar em um exemplo concreto. Imagine que você está explorando uma floresta desconhecida. No início, o caminho é difícil de enxergar e seguir. No entanto, à medida que você caminha repetidamente pelo mesmo trajeto, a vegetação é desbravada, os galhos são removidos e uma trilha começa a se formar. Essa trilha representa as conexões sinápticas fortalecidas em seu cérebro durante a potenciação de longa duração. Assim como a trilha facilita seu percurso na floresta, essas conexões fortalecidas facilitam a execução de um hábito enraizado. Agora imagine que por algum motivo você não deve mais seguir essa trilha. Talvez ela tenha ficado muito perigosa. Você precisa começar a explorar um outro caminho e desaprender essa trilha antiga. Com o tempo, a repetição e o esforço, uma trilha nova se forma e a antiga é tomada pelo mato novamente e "desaparece".


As Dificuldades Mostram que Estamos no Caminho Certo


Mas espera um pouco? Se eu sei que quebrar um hábito requer desativar um caminho neuronal mais automático e "fácil", então o que a dificuldade pode me dizer? Eu sei, eu sei. Enfrentar dificuldades pode ser desanimador em um primeiro momento, mas é importante lembrar que essas dificuldades indicam que estamos no caminho certo para a potenciação de longa duração de novas trilhas mais seguras ou saudáveis. Acredito que seja por isso que as pessoas dizem:


Temos que sair da nossa zona de conforto
O aprendizado acontece fora da nossa zona de conforto

Ao desafiar nossas habilidades e sair da zona de conforto, estamos criando novas conexões sinápticas em nosso cérebro. Essas conexões representam a formação de novos hábitos e comportamentos mais saudáveis. Cada desafio vencido fortalece essas conexões, tornando-as mais sólidas e duradouras. Assim, estamos construindo a base para o desaprender de hábitos indesejados e aprimorar nosso potencial de aprendizado.


E quando a dificuldade é muito grande?


Precisamos lembrar que dificuldades além do nosso poder de resolução podem acabar fazendo a gente desistir. Por isso precisamos de uma rede de apoio muitas vezes. No entanto, precisamos compreender a importância das dificuldades desejáveis e da potenciação de longa duração para adotar uma abordagem mais eficaz para o aprendizado e o desaprender dos comportamentos indesejados.


Minha mensagem é que abracemos as dificuldades como oportunidades de crescimento e desenvolvimento, mas também que fiquemos vigilantes e reflexivos. Precisamos entender se as dificuldades que estamos enfrentando são as esperadas ou se superam muito o que podemos realizar e onde podemos buscar apoio/ajuda.


O que esperar do meu desafio nas próximas semanas?


Preciso ajustar minhas dificuldades e tomar algumas ações mais drásticas em relação à alimentação e ao exercício físico. Acredito que o vício às telas tem atrapalhado bastante e pretendo criar um mecanismo para me fiscalizar. A ideia é:


Se eu conseguir diminuir meu uso de tela, terei mais disposição e até tédio para fazer o que preciso.

Vamos ver como serão os próximos capítulos.


Espero que esses relatos sejam úteis! Deixe um comentário aqui sobre um desafio seu ou sobre seus estudantes e que estratégias podemos usar para ajudar.


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