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Neuromitos na Aprendizagem - Parte 4: Ouvir Mozart melhora a Inteligência?

Vamos novamente discutir mitos sobre como aprendemos. Se você perdeu o primeiro artigo da série, clique aqui. Se quiser ler o segundo, no qual eu discuto a ideia de separar as emoções da cognição, clique aqui. E se ainda não leu o terceiro sobre multitarefa, clique aqui.


Me diz uma coisa? Você já ouviu dizer que ouvir música clássica, especialmente o Mozart, deixa a gente mais inteligente? Talvez a ideia fosse que Mozart era tão genial que a música dele consegue afetar a sua inteligência. Basta ouvir um pouco de Eine kleine Nachtmusik – uma Pequena Serenata Noturna – antes de uma tarefa que você destrava o seu gênio interior. Será? Bem que eu gostaria. Eu sou fã do Mozart e sei tocar essa serenata na flauta. Inclusive já toquei num sarau organizado por uma escola onde eu trabalhava. Hoje em dia, eu até escuto música clássica quando o barulho do ambiente fica muito alto. Tem um efeito calmante para mim. Só que eu me empolgo às vezes e começo a cantar as notas. É, acho que posso dizer que isso definitivamente não me ajuda a ficar mais inteligente. Na verdade, muitas vezes é mais provável que isso me distraia.

Origem


O neuromito de que ouvir Mozart nos torna mais inteligentes surgiu no início dos anos 90 depois que um estudo mostrou que estudantes universitários apresentaram um melhor desempenho em exercícios de raciocínio espacial abstrato após ouvirem uma sonata de Mozart por apenas 10 minutos. A mídia adorou saber sobre o estudo e adivinhe só o que aconteceu? Os resultados foram generalizados e a notícia saiu que a música de Mozart tornava as pessoas mais inteligentes. A repercussão foi tão grande que é provável que alguém já tenha recomendado que você escute Mozart ou que toque as músicas dele para criancinhas - até para crianças que nem nasceram ainda!


Por que é um mito?


Apesar de muita gente relatar que ouvir música instrumental enquanto estuda ajuda a se concentrar – como é o meu caso – estudos posteriores realizados por diferentes grupos de pesquisadores não conseguiram comprovar a relação direta entre ouvir Mozart e a melhora da inteligência.


O que isso quer dizer na hora de estudar?


OK, para ser sincero, existem evidências que sugerem que a música pode ser benéfica para ajudar na concentração durante o estudo, mas isso depende do tipo de música e da preferência individual. Estudos indicam que música clássica ou instrumental pode ter um efeito positivo na concentração e reduzir a ansiedade, enquanto música com letras e ritmo acelerado pode ser mais distrativa. Contudo, há um porém...


O neurocientista Jared Cooney Horvath explica bem o que acontece. Mesmo com professores e pais reclamando, muitos alunos juram que os fones de ouvido e a música ajudam a se concentrar e aprender. Horvath, no entanto, discute a ideia da "Ressonância Estocástica" no seu livro Stop Talking, Start Influencing, explicando que a música, quando usada na medida certa, atua como um barulhinho amigo no cérebro, melhorando a atenção e facilitando o foco nas informações.


Você já ouviu falar de "ruído branco"? O ruído branco é um som que mistura e varia diferentes frequências para cobrir todo o espectro sonoro e neutralizar quaisquer interferências incômodas. Essa espécie de som, semelhante ao chiado da TV, reduz a atividade do córtex cerebral durante o sono, explicando por que dormimos melhor com o som de chuva, por exemplo. Além dos sons de eletrodomésticos e ventiladores, os ruídos brancos também se manifestam em sons naturais e músicas suaves e tranquilas. Atualmente, até existem aplicativos que oferecem uma variedade de ruídos brancos para quem busca esse tipo de ambiente sonoro.


O Jared avisa que a música tem que ser como um barulho previsível, nada que chame muita atenção, tipo um ruído branco ou algo que você já ouviu um milhçaoe de vezes, senão vira bagunça. Quando a música é previsível, seu cérebro não precisa alocar esforço consciente para prestar atenção. Quando aparece uma música aleatória na sua playlist do Spotify enquanto você estuda, é mais provável que ela desvie sua atenção do material de estudo.


É importante lembrar que os efeitos da música podem variar de pessoa para pessoa e que o silêncio ainda é uma excelente - senão a melhor - opção. Mas não pense que ouvir os concertos de Mozart vai tornar você mais inteligente para passar na prova. Se você realmente quer afetar positivamente sua inteligência, aprenda a tocar um instrumento musical.


Gostou do conteúdo? Então aproveite o super desconto do mês para aprender mais sobre emoções e cognição no meu curso Estudando com a Ciência da Aprendizagem.


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